CORPO ESTRANHO GASTROINTESTINAL
Corpo estranho é todo e qualquer objecto não alimentar. Muitos desses objectos são alvo de interesse pelos nossos animais de estimação. Em alguns casos acabam mesmo por os ingerir, assumindo-se neste caso como corpos estranhos gastrointestinais. Esses objectos são de natureza tão diversa que é difícil elencá-los a todos. Como exemplos temos: ossos, pedras, ervas, plásticos, vidros, anzóis, agulhas e linhas de costura, lâminas de bisturi, rolos de cabeleireiro, tampas, etc. A lista de possíveis corpos estranhos é infindável. De acordo com a natureza do corpo estranho ingerido, assim os seus efeitos serão do tipo irritativo, obstructivo ou perfurativo/lacerante.
A passagem ou permanência de corpos estranhos no tracto gastrointestinal (desde que não sejam suficientemente grandes para provocar obstrução, parcial ou total) induz geralmente uma irritação/inflamação, causando vómitos e/ou anorexia (se localizados no estômago ou duodeno) ou diarreia (se localizados a jusante do duodeno).
A obstrução do tracto digestivo é uma situação grave que impede o normal trânsito gastrointestinal, impedindo quer a progressão do material alimentar (que se acumula a montante da obstrução até provocar o vómito) quer a defecação. Dependendo do grau da obstrução e a natureza do objecto, poderemos ter uma abordagem médica ou cirúrgica. A obstrução prolongada do tracto gastrointestinal pode conduzir a necrose isquémica no local da obstrução, sendo que o resultado é idêntico ao da perfuração. Os sintomas incluem prostração, anorexia, vómitos e/ou diarreia, tenesmo e dôr.
A perfuração do tracto gastrointestinal é uma urgência cirúrgica já que existe a possibilidade de o conteúdo gastrointestinal (material alimentar, sucos digestivos e flora bacteriana) extravasar para a cavidade abdominal. Os sucos digestivos têm uma acção química enzimática sobre as estruturas ("digerindo" os órgãos abdominais), causando uma peritonite. O material alimentar também gera uma reacção inflamatória muito intensa. A multiplicação da flora gastrointestinal na cavidade abdominal gera uma peritonite séptica. O resultado é uma peritonite potencialmente mortal. Os sintomas incluem febre, prostração, anorexia, vómitos e dôr.
DEMODECOSE CANINA
Demodecose canina é uma dermatite parasitária causada por um ácaro do género Demodex. Existem três espécies principais de Demodex: D. canis, D. injai e D. cornae.
A espécie D. canis é a mais comum e é transmitida da progenitora para a sua ninhada durante as primeiras horas após o parto. O ácaro pode existir na pele dos cães em perfeito equilíbrio com a flora bacteriana e o sistema imunitário, não provocando quaisquer sintomas. Em determinadas situações, como um distúrbio na resposta do sistema imunitário dirigida ao ácaro ou uma doença grave debilitante, o ácaro consegue ultrapassar a "resistência" e multiplicar-se, gerando a dermatite. Quando a doença se manifesta até aos dois anos considera-se a forma juvenil, geralmente associada ao distúrbio imunitário. Quando a doença se manifesta após os dois anos considera-se a forma adulta, geralmente associada a um patologia subjacente grave (como distúrbios hormonais e tumores).
Independentemente da idade em que surge a doença, esta pode ter uma distribuição limitada, afectando apenas algumas zonas do corpo (forma localizada), ou ser generalizada, afectando grande parte do corpo (forma generalizada).